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domingo, 8 de fevereiro de 2009

As Bases e os Pilares da Fé do Cristianismo e Islamismo

Seitas e Religiões

Fonte: Alcorão Sagrado; versão portuguesa diretamente do árabe por Samir el Hayek, apresentação de S. E. Dr. Abdlla hakur Kamel. São Paulo, Tanguará, 1975; ARMSTRONG, Karen. Em nome de Deus - o fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no islamismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2001; Calixto, Marcos Stier – O Cristão e o Islamismo – Rio de Janeiro: Ed. MK Ed., 2006; Mc Crurry, Don. Alcançando nossos vizinhos muçulmanos. São Paulo: OM-Brasil, 1991; SABBAGH, Alphonse Nagib. Dicionário árabe/português/árabe. Rio de Janeiro: UFRJ PROED, 1988; Websites: www.wikipedia.org/wiki ; http://www.islamic-message.net/English/index.htm

O mundo evangélico é caracterizado como tal por proclamar o Evangelho de Jesus Cristo como modelo de vida para todo discípulo de Jesus. A mensagem precisa ser proclamada em Palavra, na convicção do Espírito Santo e no procedimento em amor, como testemunha de que essa é a verdade para toda humanidade.

No islamismo, a vida do mulçumano é retratada não só por suas doutrinas baseadas no Alcorão, mas por aquilo que eles chamam de Pilares do Islamismo[1], onde todo aquele que confessa a religião deve ser um praticante. Por outro lado, a Sunah, que são os ditos e testemunhos do profeta do Islã, são seguidos como modelo.

Façamos agora uma comparação das crenças islâmicas e cristãs, no que diz respeito à base da fé:

Profissão de Fé

Em grande parte das religiões do mundo, existe o que chamamos de profissão de fé ou uma declaração básica de confissão. Para os mulçumanos, a chamada Shahada é a declaração básica e pública de fé, que afirma: “Não há deus e sim allah e Mohamed é seu profeta” [2]. Para o Islã, o simples repetir em voz alta, na presença de testemunhas essa frase, permite que a pessoa seja declarada mulçumana. Isso será confirmado, naturalmente, pelas demais práticas dos pilares que sustentam sua pregação, mas para eles é de fundamental importância essa confissão.

Para os cristãos evangélicos, a confissão maior é o reconhecimento na vida pessoal, de Jesus como Salvador e Senhor, conforme texto bíblico que diz: “Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentro os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação” [3].

Essa confissão acaba tomando forma externa e pública através de vários setores evangélicos, pelo batismo, que simboliza a experiência dessa confissão.

A Oração

Para os cristãos que professam a Cristo verdadeiramente, existe um canal de comunicação através de Cristo que os coloca no privilégio de chamar Deus de Pai e ter uma conversa aberta com Ele, por causa do sacrifício da cruz.

Quanto aos mulçumanos, o horário, as frases e posturas são importantes, inclusive como parte fundamental e normativa de sua fé. Esse pilar de devoção é chamado por eles de Salat.[4]

Eles seguem um ritual de ablução (lavagem de purificação), para qualquer momento que estiverem orando. Eles se preocupam em seguir a orientação de orar cinco vezes ao dia: na alvorada (fair), meio-dia (zur), duas horas antes do pôr-do-sol (asr), logo após o pôr-do-sol (isha). Alguns rituais precisam ser seguidos como preparatórios para essas orações: remover os sapatos, lavar os pés, mãos e partes a sua face e virar em direção a Meca. A maioria também usa um tapete para ajoelhar-se nele e, quando não o possuem, usam lenços ou algo semelhante, mas sempre dirigido a Meca. Os seguidores do Islã possuem uma bússola que determina a direção exata da Mesquita Sagrada em Meca. Ela vem acompanhada de um manual para que, de acordo com a localização, em qualquer lugar do mundo, ele possa saber a exata posição a ser tomada.

Assistência Social cristã e a caridade Islâmica - Zakat[5]

Para o cristianismo, a fé sem obras é morta[6]. Por outro lado, é enfatizado na Bíblia que a demonstração de fé se manifesta na visita aos enfermos, presos e no cuidado de órfãos e viúvas[7]. Isso é assistir ao necessitado. Porém, a Bíblia deixa claro que isso não tem força meritória de salvação, [8] mas deve ser fruto simplesmente de amor, graça e misericórdia.
Para o islamismo o fator meritório está presente, pois faz parte da base de sua fé. Em árabe Az-Zakat significa “pagamento, purificação e aumento, uma vez que, mediante o pagamento de uma taxa fixa ao estado, para

ser usada em prol dos pobres e necessitados, o doador purifica a alma, ao mesmo tempo em que fatalmente terá seus bens aumentados pela mercê de Deus”. [1]

Cristão e muçulmanos têm a visão de Deus como Senhor de todas as coisas e de que a mordomia é fator fundamental no relacionamento do homem com o Criador.

Jejum

O jejum para o muçulmano[2] é uma prática comum, porém o grande destaque é fazê-lo no mês sagrado do Ramada.

O muçulmano segue principalmente o calendário lunar, onde existem 11 meses no ano. O jejum desse mês dura 29 ou 30 dias. Seguem um horário preestabelecido que é distribuído em todas as localidades onde há muçulmanos, geralmente nas mesquitas. A orientação é simples e clara: nada de comer desde o nascer até o pôr-do-sol, e, a partir daí, pode-se comer o quanto quiser até o próximo alvorecer. Consideram que esse tempo é de purificação e de disciplina sobre o corpo, pelo efeito que isso provoca na vida daquele que jejua.

As mulheres cozinham durante todo o dia para que tenham comida para toda noite. 1/30 do Alcorão deve ser lido por dia. Existem regras e exceção que precisam ser observadas: os viajantes, as grávidas, as crianças, os doentes, o viajante no deserto e o soldado durante a guerra estão insentos do Ramada.

Quanto ao jejum cristão, principalmente no mundo evangélico, não tem data específica, é voluntário e não tem valor meritório. A idéia do jejum bíblico não só vem da história do povo de Israel, mas é transmitida da tradição judaica. Enquanto, na visão do Novo Testamento, já vemos Jesus trazendo a importância do espírito da Lei, mostrando a graça e o espírito voluntário no testemunho do cristão, inclusive no jejum. Coloca também a necessidade dessa prática em momentos que chamamos de batalha espiritual[3].

A conclusão é que, nas duas religiões, o jejum é um ato importante, apesar do Islã o ver com força salvífica.

A peregrinação - Hajj[4]

Todo muçulmano deverá fazer uma peregrinação, pelo menos uma vez em sua vida, para Meca. Entretanto o fiel precisa estar livre, sadio e ter dinheiro para tanto. Há uma data também determinada para isso, que é nos primeiros dias do mês lunar, chamado de Dhu L´Hejja, entre os dias 8 a 13. Nos preparativos, as unhas do peregrino são cortadas, ele recebe roupas novas e sandálias especiais. O Hajj propriamente dito se inicia com a entrada na Grande Mesquita de Meca, onde o peregrino efetua o tawaf (que consiste em realizar sete voltas à Kaaba no sentido contrário aos ponteiros do relógio – cada volta é chamada de shawt. Sete ashwat constituem o tawaf). Em seguida, o peregrino procede à pratica do sa´ee (ou sa´y) percorrendo um corredor entre os montículos de Safá e Meruá, ainda dentro da mesquita, de novo sete vezes. Este ato segundo a tradição islâmica, recorda o desespero de Agar, escrava de Abraão, quando procurava água para o seu filho Ismael entre dois pontos. No sétimo dia há sermões e orações na mesquita. No outro dia, vão até Arafat[5]. Param na cidade de Mina e depois voltam a Arafat. E assim por diante. Usam vestimentas especiais por ocasião do apedrejamento de satã. Eles representam a busca de Agar por água no poço sagrado de Zamzam. Segundo a tradição muçulmana, Abraão e Ismael construíram a Kaaba e colocaram nela a pedra preta. Vivem em tendas nas planícies de Arafat e beijam ou tocam a pedra preta. Não-muçulmanos são proibidos de entra na cidade santa. Em Mina, fazem sacrifícios, relembrando o sacrifício vicário de Abraão.
Os evangélicos, apesar de alguns considerarem a viagem para Jerusalém como uma peregrinação para a terra Santa, não acreditam que haja base bíblica para alegarmos a necessidade desse ato para qualquer pessoa ganhar a salvação ou a vida eterna. As menções bíblicas principalmente ligadas ao fato da peregrinação estão ligadas aos salmos de romagem (ou romaria) ao Templo de Jerusalém, O Salmo 122 é um exemplo disso.

[1] Pilares do Islamismo. Conjunto de práticas que o mulçumano precisa praticar para ser um fiel seguidor.
[2] Suratas 2:225; 33:35; 48:29; 64:8.
[3] Rm. 10:9-10.
[4] Salat ou Salah refere-se às cinco orações rituais que cada muçulmano deve realizar diariamente. Em outra línguas essas orações são chamadas de Namaz. As orações salat devem ser efetuadas em árabe, mesmo que o crente não conheça a língua, embora as súplicas (dua) possam ser feitas em outra língua.
[5] Surata 2:177.
[6] Tg. 2:17.
[7] Tg 1:27.
[8] Ef. 2:8-10.
[9] Mc Crurry, Don. Alcançando nossos vizinhos muçulmanos. São Paulo: OM-Brasil, 1991, p. 150.
[10] Surata 2:182-187
[11] Mt 17:21.
[12] Surata 3:97
[13] Arafat – local habitualmente referido como um monte, mas que, na realidade, é uma planície a cerca de 20km de Meca.

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