LEIA

terça-feira, 6 de maio de 2008

Falsa Aparência


Por: Marcio Barboza


Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça, porque é a mesma coisa como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também; se, porém, para a mulher é vergonhoso ser tosquiada ou rapada, cubra-se com véu. Pois o homem, na verdade, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus; mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não proveio da mulher, mas a mulher do homem; nem foi o homem criado por causa da mulher, mas sim, a mulher por causa do homem. Portanto, a mulher deve trazer sobre a cabeça um sinal de submissão, por causa dos anjos. Todavia, no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher. Pois, assim como a mulher veio do homem, assim também o homem nasce da mulher, mas tudo vem de Deus. Julgai entre vós mesmos: é conveniente que uma mulher com a cabeça descoberta ore a Deus? Não vos ensina a própria natureza que se o homem tiver cabelo comprido, é para ele uma desonra; mas se a mulher tiver o cabelo comprido, é para ela uma glória? Pois a cabeleira lhe foi dada em lugar de véu. Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem tampouco as igrejas de Deus”. (I Co 11:5-16)

As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja”. ( I Co 14:34-35).

Até hoje as pessoas perguntam-se o por quê de tanto rigor de Paulo em relação às mulheres. Já foi taxado de machista, radical, intransigente... já puseram em dúvida a autoridade da Bíblia dizendo que nesse ponto discordam de Paulo... já disseram até que faz parte dos mistérios de Deus... Mas, com certeza, a mais danosa teoria acerca das recomendações de Paulo é achar que o problema central de seu zelo está em questões que diziam respeito apenas àquela época: “O mundo mudou e tais regras já estão ultrapassadas” ou “ontem criticava-se isto ou aquilo, e hoje vemos que não há problemas!” . O erro ocorre quando enxergamos apenas regras práticas temporais e não os valores absolutos essenciais. Hoje, a “contextualização” está na moda: “Vamos trazer o texto para os dias de hoje!”. Acaba-se por adequar a Bíblia ao mundo moderno sem a preocupação com os motivos que levaram os seus autores a escrever sobre determinados assuntos, quando, na verdade, deveríamos é nos adequar aos preceitos bíblicos, frente a um mundo cada vez mais perdido.

Talvez nem todos saibam e até mesmo há pastores que, se estudaram isso no seminário, provavelmente já se esqueceram, de que as mulheres ocupavam lugar de proeminência na religião pagã de Corinto. A principal divindade era uma deusa. As mulheres oficiavam os cultos a Afrodite. Eram 1000 sacerdotisas que se prostituíam no templo. Além disso, as prostitutas proliferavam-se pela cidade. Quando uma mulher usava o véu, significava que ela estava submissa a um homem, quer seja seu marido, seu pai ou um parente responsável. Quando se via uma mulher sem véu e com o cabelo tosquiado ou mesmo raspado, já se deduzia que a mesma estava totalmente disponível. Essa era a maneira como as prostitutas eram identificadas. Sendo assim, as mulheres cristãs precisavam agir com modéstia, precisavam usar o véu e manter seus cabelos compridos. Nos cultos não lhes seria dado lugar de destaque ou liderança. Não se poderia deixar que o estilo pagão de culto influenciasse a igreja. O uso do véu era importante naquele contexto cultural. Deixar de usá-lo naqueles dias seria motivo de mal testemunho ou escândalo. Então, era prudente que as mulheres cristãs usassem o véu. Vemos, portanto, que Paulo não estava preocupado com um mero corte de cabelo ou usos e costumes. Sua preocupação era com a reputação das mulheres cristãs. Hoje, um dos chavões mais comuns entre os evangélicos é: “viva a diferença!”. Inventaram até uma palavra bonitinha: DIVERSIDADE. Revelando uma necessidade de aceitação dentro de uma igreja com histórias de preconceito que perduraram 2.000 anos. Enfim um grito de liberdade? As pessoas poderão ser aceitas da forma como são? Existem muitas outras intenções por trás deste discurso, sobretudo, o desejo de fazer o que bem entender sem que ninguém ouse falar sobre moral e bons costumes. Num programa de televisão, a cantora Simony revelou que só voltou a posar para uma revista masculina após decepcionar-se com o mau testemunho de líderes espirituais, até que um verdadeiro cristão lhe disse para espelhar-se em Cristo. Ela disse: “um líder espiritual tem que ter certa postura e praticar aquilo que prega”. Portanto, não era essa diferença a qual Paulo se referia quando falava de dons e do corpo com diferentes membros (I Co 12). Usar um texto que fala sobre as diferenças entre talentos e funções e sobre aceitação, para encontrar pretexto para chamar de preconceito qualquer crítica a algum tipo de comportamento é pura “forçação de barra”. É só lembrar que somos vários membros e não vários corpos. Se uma pessoa se submete a um grupo social (se é que podemos chamar a Igreja assim), então, subentende-se que seguirá as regras daquele grupo, talvez com um ou outro ponto de vista, mas jamais tentará mofificar seus princípios fundamentais. Caso contrário, acabará por procurar grupos com as quais ela se identifica. Como Paulo disse: “não temos tal costume”. Quando a Bíblia fala de sermos diferentes, é sermos diferentes do mundo, não assumirmos a sua forma, sermos separados dele embora nele estejamos. “Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do mal. Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade”. (Jo 17:14-17). Mas muitos temem represálias de um mundo que tolera qualquer pecado, mas, estranhamente, condena vorazmente qualquer tipo de preconceito. O que falta, na verdade, é saber separar as coisas. Amar as pessoas não é concordar com suas práticas. É aceitá-las, apesar de suas práticas. Ninguém disse que, alguém que não tenha a menor identificação com o padrão de vida cristã, ao entrar na igreja, deva ser expulso. Pelo contrário, devemos acolhê-lo e, por amor, mostrar a verdade, ainda que ao final, nós é que não sejamos aceitos e a pessoa vá embora. Pois é, mas isso é o que causa medo! Não sermos aceitos! Precisamos de maturidade para aprender a lidar com isso. O amor não é permissivo. “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor” (I Jo 4:18). No amor não há espaço para o medo de não ser aceito. Por isso ele não busca seus próprios interesses. Por isso, também, “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto” (PV 27:5), ou seja, melhor é que alguém diga a verdade, do que dizendo ter amor, não alerte o próximo dos perigos, por receio de ser rude. Essa deveria ser a última das nossas preocupações. Basta saber que “A alma farta pisa o favo de mel, mas para a alma faminta todo amargo é doce” (PV 27:7). Para quem necessita de arrependimento, o evangelho é suficiente do jeito que é. Não precisa ser maquiado. Isso é ser autêntico! Temos que conviver com o fato de que “... virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (II Tm 4:3-4). “Porque muitos serão chamados, mas poucos escolhidos”. (Mt 22:14). E, por fim, vamos lembrar que, quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo, é o Espírito Santo e não nós (Jo 16:8). Talvez as “comunidades evangélicas” tenham perdido a fé. Já não confiam mais na ação do Espírito. Ou, na pior das hipóteses, se envergonharam do Evangelho.

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